AÇÕES AFIRMATIVAS...E RACISTAS!


 

Aproveitando as comemorações pelo Dia da Consciência Negra (20 de novembro), criado em homenagem a Zumbi dos Palmares, trago à discussão dos leitores as tais "ações afirmativas". Aqueles que as defendem, alegam que as mesmas têm o objetivo de compensar os que foram vítimas de preconceito ao longo da história e corrigir injustiças sociais criadas por estes. Pergunto: um erro compensa o outro? É através de atitudes racistas que se pretende acabar o racismo?

 

De acordo com o Novo Dicionário Houaiss, eis a definição de racismo:

 

 

"1   conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias

2     doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras

3     preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, ger. considerada inferior

4     atitude de hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas"

 

De forma resumida, pode-se dizer que ser racista é tratar uma pessoa de forma diferente, em função de uma característica que o defina como membro de uma raça ou etnia. Assim sendo e lembrando que racismo é considerado um crime hediondo e inafiançável segundo a legislação brasileira, se eu tratar um negro (ou afro-descendente como diriam os "politicamente corretos") de forma pior que um branco estaria cometendo um crime (hediondo, aliás), certo? E se eu fizer o contrário? Tratar o branco pior que o negro? Não é crime?

 

Se eu criar uma publicação onde só se fala de pessoas brancas é racismo. E se eu só falar de pessoas negras? E se eu criar uma empresa exclusivamente para atender ao público negro? E se eu criar um local (um clube, por exemplo) onde só podem freqüentar brancos (ou negros)? Parece-me claro que o que está em questão não é corrigir as distorções existentes ao longo da história, mas dar aos discriminados a chance de serem agora os discriminadores, como se essa "vingança" resolvesse os problemas conseqüentes da discriminação ou lhes compensasse pelo que sofreram.

 

E as tais cotas, sejam nas universidades, nas vagas dos concursos ou nas empresas? De que adiantam? Resolvem os problemas da baixa qualidade das escolas públicas ou do fato de a maioria dos pobres serem negros (esse sim, uma conseqüência do preconceito vigente ao longo de nossa história) ou dos negros serem preteridos na escolha dos funcionários em uma empresa com base na absurda alegação de que não tem "boa aparência"?

 

Não há dúvidas de que essas atitudes criminosas devam ser punidas, mas não será invertendo os papéis de vítimas e algozes que se alcançará esse objetivo. Ao contrário, se quisermos acabar com o racismo (muito mal) disfarçado existente em nosso país, devemos educar a população, desde que nasce, para que se enxergue o absurdo que significa ser racista. Alimentar o ódio entre as raças só piora e perpetua a situação.

 

Que tal trocarmos as ações "afirmativas", na verdade "racistas", por ações "educativas"? Ninguém nasce racista. Nunca vi uma criança se recusar a brincar com outra por causa da cor da sua pele, por origem familiar ou religião. Ao longo da vida, vendo os (maus) exemplos dos adultos e influenciados por aquilo que lhes é mostrado em filmes, livros e revistas, é que adquirem os preconceitos e os passam a seus filhos, e assim perpetuam o racismo.

 

Fica aí a proposta para que cada um pense a respeito e faça sua parte. É um bom começo, sem dúvida, e dispensa que se cometam outras injustiças para tentar consertar as anteriores.