ÍDOLOS!

Há muitos anos praticamente não vejo televisão. Não por preconceito, mas por falta de tempo e de interesse. De vez em quando porém, atraído por comentários, ou por uma idéia interessante, procuro assistir a um ou outro programa. Foi o que aconteceu em 2009 com o programa “Ídolos”. A diversão prometida (e cumprida) pelas performances absurdas, por vezes até ridículas, dos participantes, me levaram à TV. Vi apenas alguns programas e me chamou a atenção o trabalho do cantor Diego Moraes, que acabaria como vice-campeão da temporada.

Em 2010, assisti a quase todos os programas durante a competição. O motivo? Para mim, a qualidade dos candidatos nesta temporada foi bem superior à do ano passado. Uma candidata em especial mostrou ser uma grande artista, com potencial para sucesso no mundo artístico: Nise Palhares.

Conforme já vinha se desenhando, a brilhante cantora carioca chegou ao “Top 3”, porém foi eliminada. Todos que acompanharam o programa eram unânimes em dizer que ela merecia ir à final, mas que dificilmente isso aconteceria.

Porque Nise foi eliminada, se os jurados, profissionais indiscutivelmente gabaritados, eram unânimes em considerá-la uma artista com talento incomum e o público ficava fascinado com suas performances? Em todas suas apresentações o sentimento de quem gosta de música era um misto de fascínio e emoção!

A resposta parece simples: o que se busca no programa é um “ídolo”, não um artista brilhante. E o caminho mais curto para isso é a escolha de um estilo fácil, comercial e que agrade ao grande público, que é quem vota e decide o vencedor.

Aposto todas as minhas fichas na vitória do candidato Israel Lucero, o “prodígio” (termo desgastado ultimamente pelo uso fácil e sem critério). Um grande cantor sertanejo, talentoso, carismático, como convém a um ídolo, e comercial, como convém ao mercado. O seu adversário na final, o também talentoso Tom Black, tem a seu favor uma história de luta e persistência (é sua terceira tentativa no programa) e sua versatilidade, porém neste momento o sertanejo catarinense me parece imbatível. Com a vitória de Israel, o programa terá alcançado seu objetivo: identificar um ídolo!

Desejo aos participantes deste ano, melhor sorte que os dos anos anteriores. Dos participantes, inclusive os vencedores, de 2006 (quando o reality show chegou ao Brasil, no SBT) a 2009, todos sumiram da mídia, exceção feita a Diego Moraes (derrotado na final do ano passado por outro sertanejo) que, se ainda não é um ídolo nacional (e talvez nunca o seja, pelos mesmos motivos da Nise), conquistou um público fiel que vem acompanhando sua, até aqui bem sucedida carreira.

Quanto a Nise Palhares, me parece que o grande público brasileiro ainda não está pronto para tanto talento, diversidade e para sua voz genial. Tomara que isso mude nos próximos anos, para que ela não tenha que buscar no exterior o reconhecimento que aqui lhe é negado.