A NOVA MINISTRA DA CULTURA

Com a virada do ano, inicia-se um novo governo federal. A escolha do ministério pela nova Presidente da República antecipa a cara que terá este novo governo. Novo, mas não muito. E não poderia ser diferente, tendo em vista que o partido que vem governando há 8 anos venceu as eleições.

Para o Ministério da Cultura, a escolhida foi a cantora e compositora Anna de Hollanda, ex-diretora do Museu de Imagem e do Som (MIS) no Rio de Janeiro, ex-diretora da Funarte e ex-secretária de cultura de Osasco (SP).

Desde o anúncio de sua escolha, muita bobagem tem sido dita: que ela teria sido escolhida por ser mulher, por ser petista, por ser irmã de Chico Buarque, etc. Poucos se lembram, porém, dos cargos anteriormente exercidos por ela e do trabalho por ela desenvolvido.

Sua ligação com o PT influenciou na sua escolha para o cargo, tanto quanto a ligação partidária de qualquer outra pessoa nomeada para chefiar um ministério. Escolhe-se entre os que pertencem ao partido do governo ou entre os partidos aliados. É assim que funciona a política. Infelizmente, muitas vezes trocam-se cargos por apoio dos partidos, sem se preocupar com a qualificação dos indicados. Neste caso, escolheu-se uma pessoa com experiência na área e ligada ao partido, nada mais natural!

Mas o mais absurdo seria acreditar que Anna de Hollanda chega ao Ministério da Cultura por ser irmã de Chico Buarque. Como cantora, compositora e gestora cultural sempre teve sua carreira completamente independente do irmão.

Se terá um bom desempenho frente ao Ministério, só o tempo dirá. O que se espera dela é coragem para fazer mudanças que os ministros anteriores não ousaram fazer.

Questões como a criminalização do jabá, a reformulação da OMB, a correta arrecadação e distribuição dos direitos autorais, a reforma da Lei Rouanet, a gestão da Funarte (com seus editais), o Fundo Nacional de Cultura e outras estão à espera de uma solução.

Trabalhos como o “Projeto Pixinguinha”, que a nova ministra reativou quando esteve na Funarte, e outros de igual importância, estão novamente na gaveta e precisam ser retomados. Enfim, trabalho não falta.

Resta saber se a deixarão trabalhar pela cultura ou se ela estará a serviço do partido. Se isso acontecer, teremos mais 4 anos em que somente serão beneficiados artistas e grupos afinados ideologicamente ao PT e as políticas culturais terão como finalidade o dirigismo cultural.

Embora eu não seja otimista em relação ao governo federal que ora se inicia, por não confiar no PT e por não acreditar no preparo e nas boas intenções da Presidente, torço para que a Ministra da Cultura seja diferente e obtenha sucesso no seu trabalho!